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PCC: a história do Primeiro Comando da Capital, de dentro das celas ao comando do crime organizado

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    D´CliqueS
  • 10 de out.
  • 4 min de leitura


Foto ilustrada criada por inteligência artificial onde representa o presídio Carandiru
Foto ilustrada criada por inteligência artificial onde representa o presídio Carandiru

PCC: a história do Primeiro Comando da Capital, de dentro das celas ao comando do crime organizado

O Primeiro Comando da Capital (PCC) nasceu em 1993 dentro de um dos presídios mais duros do Estado de São Paulo. O que começou como uma aliança entre presos contra a opressão e a violência do sistema carcerário acabou se transformando, ao longo das décadas, na maior facção criminosa da América do Sul.


As origens: o estopim após o massacre do Carandiru

A criação do PCC está diretamente ligada ao Massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram mortos pela Polícia Militar durante uma rebelião no complexo penitenciário da capital. O episódio se tornou símbolo de revolta e injustiça entre a população carcerária.


Um ano depois, em 31 de agosto de 1993, oito presos da Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté decidiram se unir para lutar contra os abusos cometidos dentro das prisões. Entre eles estavam Misael Aparecido da Silva (Misa) e José Márcio Felício (Geleião). Nascia ali o Primeiro Comando da Capital, com o lema “Paz, Justiça, Liberdade e Igualdade”.


A proposta inicial era simples: garantir respeito e união entre os presos paulistas, e proteger seus membros das arbitrariedades do sistema penitenciário e de facções rivais, especialmente o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro.


A expansão e a figura de Marcola

Nos anos 2000, o PCC deixou de ser apenas uma organização de dentro dos presídios e passou a atuar com força nas ruas. O responsável por essa expansão foi Marcos Willians Herbas Camacho, o “Marcola”, que assumiu a liderança da facção.


Sob o comando de Marcola, o PCC se estruturou como uma verdadeira empresa do crime, com hierarquia, disciplina e um código de conduta próprio. Passou a controlar o tráfico de drogas em São Paulo e em outros estados, além de expandir suas operações para o Paraguai, Bolívia e Colômbia, controlando rotas internacionais de cocaína.


O grupo também começou a financiar advogados, apoiar familiares de membros presos e criar um sistema de “caixa comum” — o que garantiu fidelidade e estabilidade financeira à organização.


Os ataques de 2006: o crime mostra seu poder

Em maio de 2006, o Brasil viu o tamanho real do poder do PCC. Após a transferência de líderes da facção para presídios de segurança máxima, o grupo coordenou uma série de ataques simultâneos contra forças policiais, órgãos públicos e veículos de transporte.


Durante vários dias, São Paulo viveu sob tensão: ônibus incendiados, delegacias atacadas e uma onda de violência que deixou mais de 500 mortos entre civis, policiais e suspeitos. Foi o maior levante criminoso já registrado no país e escancarou a capacidade de organização da facção, que operou os ataques a partir das próprias prisões.


A internacionalização do crime

Com o tempo, o PCC se consolidou como uma potência transnacional. O grupo passou a dominar o tráfico internacional de drogas, usando o Porto de Santos como principal rota de escoamento.


Hoje, investigações apontam que o PCC mantém conexões no Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela e até na Europa, onde atua no envio de cocaína para portos da Espanha, Bélgica e Holanda. A facção também se envolveu em assaltos cinematográficos, como o de Ciudad del Este, em 2017, quando um grupo armado roubou cerca de US$ 40 milhões.


A estrutura e as regras internas

O PCC se organiza com base em um estatuto próprio, conhecido como “cartilha”.

Cada integrante deve pagar uma contribuição mensal — a chamada “cebola” — que financia as operações do grupo, assistência a familiares e advogados.


As regras são rígidas: traições, desrespeito ou envolvimento com estupro dentro das cadeias são punidos com a morte. A facção também adota códigos de ética, linguagem cifrada e um sistema de comunicação eficiente, o que dificulta a ação das autoridades.



O poder atual

Mesmo com seus principais líderes presos, o PCC segue ativo e organizado. O comando continua sendo exercido por Marcola, de dentro da penitenciária de segurança máxima de Brasília, e por outros membros espalhados pelo sistema prisional.


Hoje, estima-se que o grupo tenha milhares de integrantes e atue em quase todos os estados brasileiros. Sua influência também se estende a negócios legais e ilegais, incluindo lavagem de dinheiro e corrupção de agentes públicos.


Autoridades brasileiras e internacionais classificam o PCC como uma das organizações criminosas mais sofisticadas do mundo, com atuação comparável a cartéis latino-americanos.


O lado político do PCC

Com o passar dos anos, o PCC também passou a exercer uma influência política silenciosa. A facção construiu uma rede de contatos que vai além das prisões e do tráfico, alcançando setores da segurança, da política e até de comunidades carentes. Em algumas periferias, o grupo tenta se apresentar como uma espécie de “gestor paralelo”, impondo regras de convivência, resolvendo conflitos e, em certos casos, até impedindo ações violentas desorganizadas para manter a “paz” nos bairros. Esse controle social, embora travestido de ordem, serve para legitimar a presença da facção e garantir apoio indireto de moradores. Paralelamente, investigações já apontaram tentativas do PCC de influenciar eleições municipais e infiltrar representantes em cargos públicos — uma estratégia que mistura poder econômico, coerção e busca por estabilidade para seus negócios ilícitos.


De Taubaté ao mundo

O que começou como um movimento de resistência dentro de uma cela em Taubaté se tornou uma rede criminosa que ultrapassou fronteiras. O PCC soube se adaptar, crescer e manter um discurso de “justiça” entre seus membros, enquanto consolidava um império construído sobre o tráfico, a violência e o medo.


Mais de trinta anos depois, o Primeiro Comando da Capital continua sendo um dos maiores desafios para o sistema de segurança pública do Brasil — uma facção que, de dentro das prisões, comanda o crime nas ruas e negocia como uma multinacional.






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